quinta-feira, 21 de junho de 2007

Carta à Mafalda



Mafalda, minha muito querida

Ando tão passional... Não, não são os novos amores. Tampouco os antigos, estes já se cristalizaram no meu sangue- irremediáveis.
Escrevi ao Joaquim por esses dias, contava lhes da minha inquietude, da minha crença no ceticísmo como único terreno realmente firme. Não quero dar a esta carta um tom de melancolia tão propriamente meu. Tenho lutado a favor do pragmatismo dos modernos – Romantismo, geração segunda, eu sentada na varanda ao meio dia. Irrespirável.
Os dias frios - nesta cidade quente - refletem as minhas produções irregulares.
Sou feita de chuva, você bem sabe. A mente que passeia pela baía de Guanabara, olhos que pairam sobre a de todos os santos. Seis meses de solidão à minha espera. Só a Ana e eu, cada qual com a sua solidão mais obvia. Ela jura que cai das páginas para os meus braços (tantas paráfrases, aquele índice Onomástico que eu juraria ter sido feito por minhas próprias mãos. Não importa tanto).
Mas saio de mim e me estendo a você. Quero saber dos seus dias. Dos seus dois quereres e planinhos sempre à mãos. Será que algum dia, em um desses tantos palcos, você não interpretou você mesma? Acho que um dia lhe lerei.
Mergulhar num café surreal e respirar 40 anos de Beatles. Registros embebecidos e gosto de chocolate na boca? O nosso menino especial a dirigir além do carro toda aquela situação que já me compõe?
Leio Adélia e leio você. Adorável compatibilidade.
Aparece. Não prometo tipicidades no Sábado, mas um blues, mentes pra todos os gostos, licor pelos sorrisos.

Sua Líz.

4 comentários:

Carol disse...

Sem comentários.
Simplesmente adorei.
Só você mesma e suas palavras mágicas.

Adalton Silva disse...

E deixe-me dizer, adorável Liz, prazer maior não há (talvez, quem sabe) do que te conduzir pelos incontáveis caminhos das analogias psicodélicas. Desde, claro, regado a vinho e muita Piaf.

Thaís disse...

"Ando tão passional..."
Eu mistifico, me visto só pra você não reparar, enxergar através do meu sorriso, a minha verdadeira dor.

Adoro seus escritos, permito -me- ver afogada neles...
bjos

Unknown disse...

Sinto sua falta, sabia?!... me bateu uma Saudades daquelas... por onde anda, hein?!
É tão bom ler o que escreve, me faz bem :o)
Quando der, apareça...
Beijos Iza!
Saudades...